Os mais tímidos passos numa Terra Santa

Postado em 04/08/2020

Eu poderia dizer a você milhares de coisas a respeito de uma viagem à famosa Terra Santa. Mas nada descreveria a sensação que experimentei ali.

Tive uma educação religiosa bem curiosa. Meus pais são católicos, mas nunca tive tanto interesse por esta religião como eles, e me aventurei em outras paragens. Apesar de não seguir o catolicismo, tenho um profundo respeito por coisas simples que aprendi com ele, como rezar antes de dormir pedindo ao anjo da guarda pra iluminar meu soninho, ou agradecer pelo prato de comida que está disposto à nossa mesa enquanto muitas mesas estão vazias. Mas certamente, a melhor de todas as coisas foi meu primeiro contato com a incrível jornada de Jesus de Nazaré.

Jesus sempre prendeu a minha atenção. Seus ensinamentos são como cânticos suaves aos meus ouvidos e sua história... ah, a sua incrível história é bálsamo de vida nos meus dias. Mas este é um sentimento íntimo demais, que jamais havia demonstrado nos momentos de trabalho. E ali, seguia eu a trabalho, auxiliando um grupo de pouco mais de 20 peregrinos junto à nossa Diretora Lenita Medeiros.

Como a única “não católica” do grupo a sair de nossa cidade, não imaginei como seria recebida por todos, mas não tive receio. Logo, foi amor a primeira vista! Um carinho muito grande se fez entre todos, e o Padre (Luiz Eduardo) que nos acompanhou ainda é e sempre será um querido amigo. Hoje sei que o que nos une não é a religião, o que nos conecta é o desejo de nos aproximar cada vez mais ao humilde Nazareno, cujos ensinamentos perduram há 2mil anos.

Minha saga começou ainda no aeroporto, antes de embarcar para Tel Aviv. A segurança do aeroporto é incrivelmente criteriosa. Todas as malas devem embarcar abertas (sim! Cadeados abertos!), e creio que eles realmente olham tudo. Mas pode ficar tranquilo (a) que não retiram nada. É só pra verificar se existe algo suspeito dentro de sua mala. E isso é com toda e qualquer pessoa, não importa a idade que você tenha.

Começamos a adentrar a cultura israelita ainda nos voos, com os pratos típicos sendo servidos na aeronave, e meu paladar curioso a saborear pela primeira vez na vida o Homus (pasta feita com grão de bico) e o famoso Falafel (bolinhos de grão de bico, com vinagrete e tahine). Huuuummmmm!!! Gostei do Tahine!!! Já cheguei em Tel Aviv sabendo falar “Tahine”. Kkkk! Aaah, mas ali era só para degustar. Não é nada comparada a diversidade de molhos e cremes servidos nos hotéis em que nos hospedamos e nos restaurantes que tivemos o prazer de comer. Na época eu não era muito fã de saladinha, mas aprendi por lá.

Na chegada ao aeroporto, fomos recebidos com flores pela nossa maravilhosa equipe de terra que nos atende há alguns anos e sempre é muito cordial. Mal sabia eu que era só o começo!

A peregrinação à Terra Santa é uma verdadeira aula de história, que em nosso caso, foi muito bem contada por nosso guia e pelo Padre que nos acompanhou desde a saída de Teresina. Nosso guia nos pôs a par do que era necessário saber sobre a cultura, sobre como se portar nos lugares que andávamos e sempre respondia a cada uma de nossas incansáveis perguntas. Como um bom professor, judeu e exímio conhecedor de cada lugar, foi incansável nos levando a pontos chaves durante esta peregrinação.

De todos os lugares por onde passamos (e olha que foram muitos!), a região de Tiberíades foi a que mais me marcou. Especialmente, Cafarnaum, o Mar da Galiléia (Lago de Genesaré) e o Monte das Bem Aventuranças. Quando você percebe que está caminhando por lugares onde Jesus também caminhou, compartilhando as lições mais importantes das nossas vidas, uma emoção desperta, uma alegria sutil e singela se faz presente, e a esperança em dias melhores para a humanidade inteira vai se aflorando em nossos corações... Sim. É incrível!

Passamos alguns dias naquela região da Galiléia, caminhando, viajando por suas cidadelas, e conhecendo um pouco de tudo. Adentramos a casa da sogra de Pedro em Cafarnaum, comemos do peixe de Pedro (é como chamam os peixes que são pescados no mar da Galiléia), fomos até Yardenit (lugar de batismo no Rio Jordão), Nazareth, Betsaida, a montanha do famoso sermão e tantos outros lugares... Mas foi ao adentrar numa barca, que nos fez flutuar pelo Lago de Genesaré (Mar da Galiléia) que uma calmaria se instalou em minha alma.

Os ventos tocam com carinho nossos cabelos, os pássaros voam baixinho, cantarolam perto de você, os peixes dão o ar da graça naquelas águas límpidas e claras... e você se sente verdadeiramente leve!

É neste misto de encantamento e profundo amor pela natureza, pelo criador e por tudo o que o sublime peregrino nos ensinou que meu coração encontrou paz ali, e meu sorriso se fez como de uma criança a contemplar algo incrível. A criança em mim era tão evidente que ganhei um sorvete na saída do barco! Acredita? Kkkkk! Um dos melhores presentes daquele dia! Me fez recordar meus queridos pais, que em pensamento estavam comigo. Minha mãe, sentia a todo instante em cada sorriso e olhar de ternura. Meu pai, cujo colar estava pendurado em meu pescoço, também estava comigo em pensamento e em cada luta e esforço que via nos rostos daquelas pessoas que buscam dar o melhor de si aos outros.

Se você me perguntar se um dia eu voltaria à Terra Santa, eu te respondo:

Sim! Viveria tudo aquilo novamente e comeria do peixe de Pedro mais uma vez!


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